A atualidade e coragem do tema do livro de Roque Júnior, e o formato inovador em diálogo com a psicóloga Károl Veiga, me seduziram. Aceitei de pronto o convite: fazer seu prefácio.Sem concessões e recuos, ambos escancaram as mazelas dos espaços intitulados comunidades terapêuticas, cujas violações de direitos humanos, em maior ou menor grau, possuem caráter estrutural, sistêmico e persistente.Tal afirmação, que com certeza desencadeará desconforto, em especial nas boas almas que pelas mais diversas razões tentam relativizar nossas críticas, aponta que não é possível seguir adiante, como sociedade, mantendo a exclusão como princípio.Partindo dessa premissa, o livro também apresenta propostas, constituídas numa relação preciosa e que muito nos orgulha: da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial com o Sistema Único de Saúde, o SUS. Tal relação, encontra-se, desde seu início, articulada ao campo da cidadania e é fruto não de qualquer consenso, mas de uma experiência de confronto, de luta, entre interesses coletivos, de um lado, e particularíssimos e nem sempre nobres, por outro.Ainda nos dias de hoje, a tensão se mantem, e os autores optam por se alinhar ao lado de uma política que não cede à demanda social que demoniza e criminaliza uma experiência eminentemente humana - daqueles que encontram nas drogas a via para escapar ao mal-estar, e nem legitima a violência e tortura como resposta institucional.Ousados e persistentes, Roque e Károl nos convocam a lutar pelo fim das comunidades terapêuticas!Sigamos, juntos, na luta por uma sociedade sem manicômios, sem qualquer forma de manicômios!por Miriam Nadim Abou-Yd