Esse livro tem como objeto a análise do Círculo Laranja, organização de trabalhadores da limpeza urbana da cidade do Rio de Janeiro, reconstruindo sua origem desde o histórico movimento grevista dos garis cariocas em 2014, com o objetivo de refletir em que medida os constrangimentos jurídicos à liberdade de organização sindical podem ser superados a partir da repercussão social do repertório de ações coletivas utilizadas pelos movimentos que desejam se afirmar. Traça diálogos sobre o modelo adotado pelos atores com os ciclos históricos dos movimentos de trabalhadores no Brasil, refletindo em que medida se pode verificar a influência do sindicalismo de movimento social, e indagando se a experiência pode ser compreendida como indicativo de revitalização da ação sindical, problematizando seu entrecruzamento com as ações de cunho societal. Para tanto, realizou-se pesquisa qualitativa, combinando métodos qualitativos e quantitativos para coleta de dados. Utilizou-se da verificação empírica,através da observação direta e da realização de entrevistas não estruturadas, preocupando-se em incorporar materiais resultantes da interação com o campo e conferindo protagonismo aos próprios atores, através de suas falas e memórias. A estrutura da dissertação apresenta-se disposta a partir de dois elementos estruturantes: as experiências dos atores na constituição de um projeto de organização e as interações desses atores sociais com as instituições jurídicas. Os resultados apontam para a constituição de laços de solidariedade a partir da identidade das condições de vida dos atores e para a potencialidade de mobilização a partir da combinação das ações institucionais e de confronto, da autonomia imbrincada com um projeto de transbordamento das estruturas.