Nem sempre sabemos de que é feito o coração, quando o nosso instinto até é capaz de superar ribeiras de águas revoltosas, contornar calhaus que nos esmagaram as vísceras da alma, para voltar ao lugar onde o sopro da vida nos fez abrir os olhos. É um desejo puro. Para outros, ali, naquele lugar, com a ingenuidade mais pura, cristalina como o luar de lua cheia, ainda que se tornem naqueles velhos do restelo que nem nas caravelas que viram construir acreditam, viver ali é ter o mundo a seus pés. É olhar e ver o sol nascer todos os dias; é andar e ter sempre a certeza de haver terra para pisar e céu sobre a cabeça.Nem a morte, negra como o carvão, que tantas vezes se tem de enganar, nos impede de sonhar em voltar, de ter essa ingenuidade pura que se teve, ainda que seja remetido para um poço de ignorância desejada. Bruto de amor é aquele que consegue suportar o esmerado calor de um verão de inferno. E que na amena paz, no meio de tempestades, onde os trovões e os relâmpagos esventram o céu e fazem tremer a terra, enfrenta lobos esfaimados, prontos a comer cordeiros vulneráveis.A vida, ou momentos de vida de personagens simples, errantes, sem nome, nem rosto, onde a ingenuidade pura e o amor, em toda a sua plenitude, foram elevados a estórias, estórias simples, algumas caricatas até; mas são estórias, estórias e memórias de muitas vidas, vividas ou não.