Em seu leito de morte, uma solitária e insuspeita idosa, narra sua trajetória como professora ginasial nos anos 1970. Vida comum, interiorana, nada de excepcional, exceto por um detalhe, um pecado escondido a sete chaves, um crime que lhe corrói o espírito em seus dias finais: a pedofilia, sua prática deliberada por anos a fio. Narrada em tom confessional, pontilhada por uma ourivesaria poética e tendo como pano de fundo a metade final da ditadura militar e a Nova República (1975-1989), a obra oferece outras leituras paralelas, para além do erotismo obsceno, nas quais se esmiúçam não apenas o tema central, mas o próprio labor literário e o estranho amor aos livros, os anos de chumbo e a lenta redemocratização do país, além da solidão de seus personagens debaixo de uma atmosfera sombria, mesmo sob ocolorido ruidosoda época. intrincado jogo de avanços e recuos, ainda que aparentemente linear, em que autora pinta emsfumatoo retrato de sua geração. Um tempo que há muito se foi, mas que jamais pode ser esquecido.