Se não chega a ser regra, é acontecimento recorrente autores estrearem com volumes de contos.Não foi o caso de Paul Marcel.Com três romances publicados,Epifania ,Música de viagemeDas boas intenções , nem passava pela cabeça de Paul escrever contos.Presentes neste volume,PátriaeA mulher do Correiomaturavam há anos no recôndito da mente onde nascem as ideias, já quase esquecidos, quando Paul vislumbrou a forma que teriam a certa altura de 2021.Escrevê-los finalmente foi o catalisador da sequência de dezenove contos que completamVista da torre .O próprio autor reconhece que dicção e temas, aqui, são outros. O gosto pela síntese, que se manifesta em suas crônicas e resenhas, torna os contos mais concisos do que é de praxe no gênero. Os enredos comprimem situações de grande carga emocional para potencializá-las.Conheceremos, entre outras, a história de um ator que extrai de si até o que não gostaria para representar; de um casal que cria expectativas demais a respeito dos filhos; de um chef consagrado que deixa de ter prazer em cozinhar depois de uma tragédia pessoal.Em comum com as obras de ficção mais alentadas de Paul Marcel, estes contos trazem o olhar que se alterna entre o pragmatismo e a solidariedade no encaminha-mento dos destinos dos personagens.