Escrever é como embarcar em uma viagem com a qual sempre sonhamos. Reúne prazer, descoberta e inúmeros sentimentos. Alguns dizem que é um ato solitário, mas não vejo assim. Quando escrevo, me reúno com personagens diversos, com histórias especiais. Mais ainda: com sentimentos envolventes e vivos.Toda essa magia caiu por terra quando soube que este livro teria perto de 500 páginas. É papel demais, fica caro e hoje ninguém lê, me disse o editor. Era uma sexta-feira. Pedi até segunda-feira para pensar no que fazer. Ele me sugeriu cortar pela metade a história. Eu teria de refazer todo o livro se aceitasse. Não aceitei.Fiquei pensando neste mundo em que vivemos. Ele parece girar cada vez mais rápido. As horas se esvaem em um piscar de olhos. As pessoas se movem freneticamente de um compromisso a outro. E nesse turbilhão ninguém se preocupa com ninguém. O outro só vai importar se estiver no meio do caminho como a pedra de Drummond.Este livro trata exatamente disso. As histórias dos outros se tornam importantes para quem não tem mais a sua história. É assim que Pedro Lima, personagem central de A Última Noite de Helena, se vê depois da morte da mulher e da filha. Ele precisa encontrar um sentido para sua vida. Esse sentido são outros que importam sim.Então ele embarca em uma viagem investigativa em busca de verdades. A preocupação é com pessoas que ele nem conhece. É com histórias de vida que ele não viveu nem viverá. É com destinos que foram traçados por sentimentos horríveis. Mas o guarda rodoviário não vai consertar o mundo.Só que a sua jornada mostrará ao leitor que a vida só vale a pena se for vivida. Não adianta fugir das pessoas, das suas histórias, dos seus dramas. Eles são tão nossos também. Afinal, somos humanos. Nas páginas deste livro, o leitor encontrará respostas para perguntas que nunca pensou em fazer e construirá laços genuínos.Não peço paciência ao leitor pelo número enorme de páginas. Peço curiosidade como se se olhasse no espelho. É você, leitor, que está aqui nessas páginas. O seu lado bom e o seu lado ruim. O que pode ser mostrado e o que deve ser escondido. Não tenha medo de se descobrir. Saiba que depois de tudo, você ficará melhor.