Essa obra pode ser muito útil para professores e alunos de piano, bem como para compositores e alunos de composição que estejam interessados em perceber como é possível compor a partir de ideias, estruturas e estilemas que outros compositores desenvolveram pregressamente, mas ainda mantendo a originalidade e o estilo pessoal. Ela consegue capturar traços característicos de diversos compositores e peças que se notabilizaram na formação de pianistas ao longo de décadas, reproduzindoesse estilo de forma que, ao mesmo tempo, presta homenagem, ironiza suavemente (especialmente a última peça, que se baseia no estilo do compositor norte-americano Philip Glass, ou ainda a peça intitulada Hanoniana) e apresenta as possibilidades deexpansão de linguagem musical dessas estruturas composicionais (por exemplo, aproveitando a tendência contrapontística do serialismo e apresentando uma fuga dodecafônica a 4 vozes). Pianistas em particular se identificarão com essas peças por reconhecerem nelas homenagens a compositores que participam da sua formação, como C. Czerny, M. Clementi, C. L. Hanon, H. J. Bertini, W. A. Mozart, J. S. Bach, os brasileiros Ernesto Nazareth e H. Villa-Lobos, C. Debussy, F. Chopin, A. Schoenberg e Philip Glass.Acredito que essa obra seja um bom início para intérpretes interessados em conhecer o estilo composicional de Marcelo Rauta, bem como uma boa introdução prática a materiais e procedimentos composicionais do século XX/XXI em linguagem acessível.Fernando Vago Santana(Pianista e professor de piano da UFJF)